terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Chega de silêncio... mas será o momento certo?


Chove…
Mas isso que importa!,
Se estou aqui abrigado nesta porta
A ouvir na chuva que cai do céu
Uma melodia de silêncio
Que ninguém mais ouve
Senão eu?

José Gomes Ferreira

Hoje não chove... o Sol já não brilhava assim há muito. Já sentia saudades do calor meigo na pele, da luminosidade de um dia de Inverno vista do lado de fora da janela. A curta viagem até à faculdade despertou-me os sentidos, arrancando-me do marasmo e moleza do primeiro dia de férias. Recordou-me que, embora os primeiros desafios já tenham sido vencidos, tenho falhado noutras esferas da minha vida. Está na altura, talvez, de descobrir e conquistar novos horizontes, abandonando a segurança das sendas já percorridas. Contudo, nem sempre é fácil desprezar aquilo que se tinha como garantido e que transmitia o reconfortante sentimento de realização. A aventura do desconhecido acarreta inúmeros riscos, exigindo a renúncia ao facilitismo, ao conformismo. A decisão de (re)construir um projecto de vida feliz implica percorrer um caminho árduo e fragoso. Quando penso sobre o significado de tudo aquilo que sou não posso deixar de me sentir inconformada. Quero mais... quero reciprocidade!
É participando da melodia de silêncio que tenho aprendido a compreender os enigmas que assombram uma existência feliz e a encontrar as respostas para as perguntas que nunca ousei colocar em voz alta. Nem sempre elas coincidem com aquilo que esperava mas são, sem margem para dúvidas, uma pequena luz na grande penumbra do que sou e para onde vou. São essas respostas simples e significativas que me têm ajudado a fazer frente e conquistar os obstáculos que se interpõem no caminho escolhido. Nestes últimos tempos, só na comunhão com o silêncio é que tenho conseguido reunir, numa só entidade, aquilo que fui, sou e serei. Mudei tanto neste último ano e, se isso aconteceu, muito o devo àquelas pessoas que são a constante mais invariável da minha vida e o alicerce das minhas (poucas) certezas. "Sei que sabem que sim"
No entanto, mesmo sabendo que a mudança foi frutuosa (apesar do que implicou), não sei se estou disposta a correr um novo risco. Por muito que quisesse, por muito que o meu coração assim o ditasse, não sei com que armas devo lutar desta vez nem que estratégia usar. Sinto-me encurralada numa encruzilhada em que o caminho por onde vim é tão imprevisível como aquele por onde sigo. Precisava de, pelo menos uma certeza, que me indicasse que, desta vez, não serão vertidas lágrimas nem haverá sorrisos tristes. Sei que não há certezas nem absolutos mas é tão difícil avançar no escuro, sem a esperança a iluminar as pedras do caminho! Compreendo que não se atinja a felicidade sem sofrer um bocadinho no trajecto... Mas o que resultará se estiver disposta a correr o risco, sofrer e mesmo assim não conseguir? O que sobrará desta vez?