quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Em paz

Acordei tarde, enrolada nos lençóis, com o sol a espreitar por entre a cortina, tentando teimosamente roubar-me à minha indolência matinal. Venceu-me sem dificuldade. Adoro os dias de Verão, a magia de um dia de férias por conquistar, a surpresa de uma visita inesperada, o odor único da brisa do mar na foz, o sabor de um gelado a derreter numa esplanada enquanto a conversa decorre sem atropelos nem pressas. Adoro deitar-me tarde e acordar cedo, ver na televisão todas as séries que não tive oportunidade de ver durante o ano, não me aborrecendo quando vejo o mesmo episódio pela centésima vez. Adoro quase adormercer ao som de uma música velhinha. Adoro um livro por descobrir, o cheiro de sal entranhado na pele, a areia quente a queimar-me os pés, o silêncio que uma noite de Verão e o mar me podem reservar. Adoro sobretudo a frivolidade de um dia que não é programado, que não encerra em si angústias nem preocupações. Por isso é que acordei bem-disposta... sou verdadeiramente abençoada por todos os dias poder recordar, ver, ouvir e sentir as maravilhas do meu mundo. Tenho deixado que as preocupações consumam os meus sonhos e memórias e se imuscuam num mundo que não é delas e que está centrado na procura da felicidade... e será que já não a encontrei?

"Sonha como se vivesses para sempre. Vive como se fosses morrer hoje." James Dean

Lucky Man (The Verve)

Happiness
More or less
It's just a change in me
Something in my liberty
Oh, my, my

Happiness
Coming and going
I watch you look at me
Watch my fever growing
I know just where I am

But how many corners do I have to turn?
How many times do I have to learn
All the love I have is in my mind?
But I'm a lucky man
With fire in my hands

Happiness
Something in my own place
I'm stood here naked
Smiling, I feel no disgrace
With who I am

Happiness
Coming and going
I watch you look at me
Watch my fever growing
I know just who I am

But how many corners do I have to turn?
How many times do I have to learn
All the love I have is in my mind?
I hope you understand
I hope you understand
Gotta love that'll never die

Happiness
More or less
It's just a change in me
Something in my liberty

Happiness
Coming and going
I watch you look at me
Watch my fever growing
I know
Oh, my, my
Oh, my, my
Oh, my, my
Oh, my, my

Gotta love that'll never die
Gotta love that'll never die
No, no
I'm a lucky man

It's just a change in me
Something in my liberty
It's just a change in me
Something in my liberty
It's just a change in me
Something in my liberty
Oh, my, my
Oh, my, my
It's just a change in me
Something in my liberty
Oh, my, my
Oh, my, my

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Porque às vezes um nada pode ser tudo

Ouvi esta música agora mesmo e só ela conseguiu transformar um dia "negro" num dia um bocadinho mais "azul"... trouxe-me a serenidade que precisava. Acredito que será interpretada por cada um de forma única, de acordo com vivências pessoais e o estado de espírito momentâneo e, por isso, não vou impingir opiniões pessoais... acho que a letra da música actua por si só! (bem, para ser absolutamente sincera também estou com um bocadinho de preguiça... não estou inspirada!)

Nada (Jorge Cruz)

Nada te espanta
Nada te encanta
Nada te tomba ou te levanta
Sem passar dentro de ti

Nada te gera
Nada te espera
Não há Outono nem Primavera
Sem que o sintas a surgir

Tu és a escala
a mão que embala
Tomas bem conta de ti
Tu és a escala
a mão que embala
Tens um rumo a seguir

Nada te atrasa
Nada te arrasa
Nem que no céu percas uma asa
Vais pegar de novo em ti

Nada te usa
Nada te escusa
Mesmo se o mundo inteiro te acusa
Só tu sabes para onde ir.

Tu és a escala
a mão que embala
Tomas bem conta de ti
Tu és a escala
a mão que embala
Tens um rumo a seguir

E nada te esmaga
Nada te acaba
Nada te encolhe, nada te alarga

Nada te tenta
Nada te inventa
Nada te pesa, nada te aguenta

Nada te falha, nada te empurra
Nada sorri enquanto te esmurra

Nada te esfria
Nada te guia
Nada te ofende ou te desvia

Nada te pára...
Nada te pára...
Nada te pára...
Nada te pára...
Nada...
Nada te pára...
Nada te pára...
Nada...

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Adeus...

Para os mais incautos o título "adeus" pode ser despropositado visto que não se trata de uma despedida mas do início de algo novo. Contudo, "adeus", se interjeição, pode também significar boa viagem! e é esse o motivo pelo qual escolhi esta expressão para começar o meu blog. Reflecti se seria capaz de manter algo deste género sabendo que daqui a pouco mais de um mês actividades intensas recomeçarariam, exigindo (quase) todo o meu tempo e empenho. Aceitei esse desafio porque preciso do anonimato de uma página em branco onde os meus pensamentos e recordações possam pulular livremente, livres de represálias sociais ou de uma timidez demasiado limitadora. Aqui, ninguém me conhece... posso reinventar e aprimorar um eu ainda frágil sem me sentir tentada a seguir tendências ou sem sentir medo do que os outros possam pensar. Posso ser eu mas também posso não ser... no fundo, posso dar "rédea solta" às minhas mãos, ao coração e ao cérebro deixando que eles me conduzam para lugares de difícil acesso no mundo agitado em que vivemos. O único compromisso que assumo é o de que tentarei manter um equilíbrio que me é precioso para que possa enfrentar com segurança (e coragem também, porque não?) os desafios que me esperam. Por tudo isto é que quero desejar boa viagem a este projecto ainda tão imberbe... espero que resista a intempéries mas também a períodos de bonança.

"Birds sing after a storm; why shouldn't people feel as free to delight in whatever sunlight remains to them?" Rose Kennedy

terça-feira, 14 de agosto de 2007

O princípio do fim (ou o fim do princípio?)

A melhor parte das férias acabou... Chego a casa e reparo que tudo continua na mesma. Os problemas e preocupações permaneceram incólumes com o passar do tempo. Nem a contemplação de pôr-de-sóis magníficos, nem o silêncio sereno do mar nem sequer a agitação de uma noite algarvia permitiram amansar o meu espírito... Curioso o que um ano de adaptação pode fazer. Falta-me segurança, tranquilidade e confiança para acatar aquilo que me é reservado e lutar por aquilo em que acredito. E tenho medo... um medo enorme de fracassar numa vida que é única e que é um dom. Apercebo-me que ainda não sou capaz de tomar decisões e que "quero tudo ou um pouco mais, se puder ser", como dizia Álvaro de Campos. Procuro uma perfeição que está para lá do meu alcance e perturba-me que fracasse quando me esforço tanto... Ainda assim, eu sei que são esses momentos menos bons que me permitem crescer e conquistar a necessária calma para enfrentar um futuro cada vez mais incerto. Tenho consciência também que nem sempre aquilo que desejamos é aquilo que de facto nos fará mais felizes ou nos tornará mais aptos a ultrapassar as adversidades... Por isso mesmo é que tenho acalentado alguma esperança de que os ventos tornem a mudar e me levem a bom porto antes que me torne a pior inimiga de mim mesma.

"Am I a part of the cure or am I a part of the disease?" Clocks, Coldplay